O que é ser Português? - João Vasco Monteiro
A
pergunta implica mais do que um simples conceito de nacionalidade. Esta questão
remete para uma introspecção mais profunda e com significados diversos, dos
quais o que mais se destaca – na nossa opinião -se descreve com uma só palavra:
ESPERANÇA.
Do berço Lusitano - aquilo que conhecemos como a resistência de Viriato à invasão romana - á actual Lusofonia global, o ser português embarcou
através dos séculos
numa viagem constante
de busca do seu sonho.
Um sonho que por vezes foi aproveitado politicamente e se tornou imperialista ou coloni- zador mas que, individual ou colectivamente esteve sempre em contraponto com a luta pela sobre- vivência,
com a adversidade do dia a dia, sem nunca perder a sua identidade ou a sua
intrínseca humanidade, plena de solidariedade e compaixão.
Se as conquistas de outrora são vistas atualmente como desígnios de um
império colonialista ou como feitos
heróicos de Portugueses semi-mitológicos é porque
esquecemos a atualidade dos nossos mais ilustres representantes, na Ciência e na Tecnologia,
nas Artes, no desporto ou na moda, na economia ou na política internacional.
Seja em Macau ou Timor, Sidney, São Paulo, Nova York ou Toronto, ou seja
no Porto ou em Lisboa, o cidadão oriundo do Minho, Trás-os-Montes, Madeira ou Açores, sente que ser português é muito mais do que ter uma nacionalidade ou passaporte. É ser um representante deste ideal de vida em que somos verdadeiramente os comandantes dessa nau que é a alma lusa.
E é precisamente na diáspora que ela se manifesta mais intensamente. Ser português é uma creden-
cial de honestidade, de capacidade de trabalho e de resiliência em qualquer canto do globo.
Ser Português é, na maior parte das vezes, ter a capacidade de recomeçar do nada, reinventar-se e construir um futuro que só existia no seu sonho de vida, na sua própria
esperança.
Ao
longo de várias gerações, esse sonho, essa noção de lusofonia passou de pais
+ara filhos ora por
via das tradições e da língua, ora de forma inata através de princípios e valores. Como resultado, o orgulho nas nossas
raízes mantém-se intacto.
Também o provincianismo e a religiosidade católica de outros tempos, alimentados e mantidos pelo Estado Novo como travões
da liberdade e do progresso foram sendo - gradualmente a príncipio, e abruptamente
no pós revolução - substituídos pelo pluralismo e multiculturalismo de que a
nossa sociedade disfruta atualmente e Portugal, enquanto País europeu, conquistou
o seu espaço por mérito próprio,
graças à sua estabilidade democrática e à sua vocação diplomática e humanista.
É por isso tudo que, ser Português
é um grande orgulho mas também uma responsabilidade: Cada um de nós é representante desta pequena e gigante Nação.
João Vasco Monteiro
Obra submetida a concurso
"O Que É Ser Português?"
ENSAIO
Edição 2021
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